Forma de expressar-se

Em 1999 um fato mudou minha vida. Me fez olhá-la de uma forma diferente. Para superar o que vivia naquele momento, li no final do ano citado, o livro de Richar Bach - Fernão Capelo Gaivota. Meus pensamentos tomaram outras direções. Minha incursão na leitura tomava gosto nesse momento. Foram muitos os livros após terminar minha especialização e iniciar o mestrado. Em cada leitura, um novo pensamento; em cada novo pensamento traduções poéticas das experiências vivenciadas, sentidas, experimentadas no meu dia a dia, no meu cotidiano. Poesias e poemas passaram a ser a forma de eu dizer de mim, meu pensar, meu sentir, meu viver. Para mim, a poesia não tem tradução, nem explicação. Ela apenas diz. Comunica o incomunicável. Em muitos momentos ela fala por mim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Rede


Escrever sobre a rede,
Dizer do que ela diz
Escrever a história da rede ou a história que conta a rede. Da rede tenho muito a dizer, mas a rede diz muito do que tenho, do que sou, do que vivi.

As redes têm muitos nós e em cada nó há muito de mim
Em cada nó têm muitos outros comigo
Cada nó da rede forma outras redes, outros nós.
Desfazer esses nós, é desfazer os nós que formam a rede que sou
Rede de significados, encontros e desencontros
Redes de sentimentos, marcas...

A rede leva um tempo para ser rede, se fazer rede
Ela se constrói, toma forma,
Toca as mãos do tecelão
A rede é tocada,
Tocada pelas idéias, pelas intenções do tecelão

O tecelão tem uma história,
Uma história presente na rede.
A história do tecelão se fez como ele faz a rede:
Uma tessitura, uma construção, encontro-desencontro
Linhas que formam nós,
Nós que formam malhas, malhas que formam a rede.

O tecelão trás consigo outras redes,
as redes de sua vida, de sua história...
História que passa no tempo da tessitura
No tempo de trocar a linha da agulha,
De levar a agulha na malha da rede que nasce

Vida de tecelão que tece a vida da rede
A rede tem um sentido, a serventia de ser rede
A rede espera a espera da tessitura do sentido de si e do tecelão
E os nós?

Os nós da rede sustentam as malhas que a formam. As malhas existem porque existem os nós, os nós tecidos por outra rede: A rede humana.

Cada nó da rede conta uma história
Conta histórias
Conta tempos
Conta a conta dos nós da rede do tecelão

Tecer uma rede é arte. Logo, tecelão e rede são artes
A rede, criatividade que expressa um ser
O ser do tecelão

Cada rede tem uma história
Cada história é uma rede
Cada rede é um tecido
O tecido de outras redes.

Tenho visto e refletido a beleza da rede
Esqueci de ver e refletir a beleza do tecelão
Do ser que dá o ser a rede.
É preciso ver o tecelão tecido com a rede
Ver as redes.


NOGUEIRA, Valdir  


Pós Escrito

A cada nova poesia ou poema que publicarei aqui neste blog, estarei escrevendo o contexto em que o texto foi criado. Assim, para que isso se concretize, o poema – Rede – foi escrito após um momento de aula com alunos da universidade em uma disciplina intitulada História de Vida. Naquele momento, afetado pelo contexto das discussões e do ambiente preparado para o encontro, me deparei com uma rede e então, as palavras começaram a ferver em minha cabeça. Palavras que me reportaram ao meu contexto de vivencia, às minhas raízes culturais. Neto de pescadores. A rede, de fato, fala muito de mim. Como as demais escritas que serão publicadas aqui, é autobiográfica. Com carinho,

Valdir Nogueira. 


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