Forma de expressar-se

Em 1999 um fato mudou minha vida. Me fez olhá-la de uma forma diferente. Para superar o que vivia naquele momento, li no final do ano citado, o livro de Richar Bach - Fernão Capelo Gaivota. Meus pensamentos tomaram outras direções. Minha incursão na leitura tomava gosto nesse momento. Foram muitos os livros após terminar minha especialização e iniciar o mestrado. Em cada leitura, um novo pensamento; em cada novo pensamento traduções poéticas das experiências vivenciadas, sentidas, experimentadas no meu dia a dia, no meu cotidiano. Poesias e poemas passaram a ser a forma de eu dizer de mim, meu pensar, meu sentir, meu viver. Para mim, a poesia não tem tradução, nem explicação. Ela apenas diz. Comunica o incomunicável. Em muitos momentos ela fala por mim.

terça-feira, 22 de março de 2011

Tempo


Há tempo para nascer,
Tempo para plantar e tempo para colher
Tempo para viver, tempo para morrer e
Tempo para pensar o tempo.

Há tempos o universo não existia
Hoje estou em um planeta que há tempos não havia
Nascemos em um tempo
Vivemos um tempo
Morremos no tempo.

Há tempo para estudar
Tempo para trabalhar, comer, dormir, amar...
E o tempo para o tempo?
E o tempo para ser tempo?
Estou à espera de um tempo
O tempo me espera.

Há qual tempo pertenço?
Sono, fome guerra, sorrisos
São estas expressões de tempo?
Ao viver, sentimos o tempo?

O tempo do sorriso
O tempo de piscar e fechar os olhos
O tempo da contemplação
Entre o canto do pássaro
E a fala humana há um tempo, há tempos.
E a que tempos pertencem?
Em que tempos são pássaro e humano?

O tempo do barulho
E o barulho no tempo
O tempo do vento, da chuva, do choro.
E o choro do tempo, do vento, da chuva,
De mim.

Sou um tempo e há um tempo em mim
O sol, a estrela, a nuvem, o céu
De que tempos são e que tempos têm?
Há um tempo para o céu
E outro para o cometa
O céu que está no tempo
E o cometa que espera um tempo.

Há um tempo para o início
E o início do tempo
Há vida no tempo
E o tempo tem uma vida.

O tempo a esperar o tempo.
O tempo a esperar por mim
E eu a esperar um tempo.
Será que tenho tempo?


Em 2001, inicie o curso de Mestrado na Universidade Regional de Blumenau – FURB. Uma amiga e eu nos interessávamos pelas discussões de um professor sobre as ideias da complexidade. Cada momento de aula ou discussão com ele, fazia com que eu entrasse em um turbilhão de ideias. Íamos para as aulas todas as quintas e sextas-feiras. Em um dia desses, não lembro a causa, tive que ir sozinho. Após a aula, tive que ficar em uma sala esperando o momento de orientação da dissertação. Foi nessa sala, sozinho e com os meus pensos que pensei sobre o tempo.


Lembrança forte e doce.

Valdir Nogueira. 


Um comentário:

  1. Tempo com que nos preocupamos ao extremo, acabando com escalas geográficas, e ficando com o tempo do acaso, as escalas do tempo, que mudam a cada mimuto.. bonito post abraços, gui

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